O escritor francês Júlio Verne (1828-1905) era fã confesso de Edgar Allan Poe e suas obras, em especial do romance "O Relato de Arthur Gordon Pym", uma narrativa na primeira pessoa, feita por um jovem marinheiro que vive uma viagem trágica, envolvendo-se em situações macabras como naufrágios, motins, a peste, canibalismo e carnificinas nos gelados mares antárticos. O livro tem um desfecho sobrenatural e muito perturbador, embora muitos biógrafos afirmem que a obra tenha ficado inacabada. Verne, impressionado pela narrativa e por seu inquietante final, escreve, trinta anos depois de publicada a tradução francesa do livro (feita por Baudelaire) e já no fim de sua vida, uma continuação/homenagem ao "Relato", "A Esfinge dos Gelos". A história se passa anos depois das aventurasde Pym, e trata da busca pelos sobreviventes daquela expedição. Verne, além de criar uma de suas mais inspiradas aventuras, aproveita também para "explicar" o que teria acontecido no final apavorante do romance original. Os estudiosos da obra de Poe afirmam, no entanto, que Verne teria proposto um final positivista que não seria propriamente fiel ao original por ser um ardoroso positivista, homem ligado à Ciência e avesso ao sobrenatural. Assim, há um motivo racional para quase tudo o que aconteceu ao final de "Relato". Verne só não explica alguns fatos descritos no arrepiante epílogo do livro de Poe, envolvendo inscrições em cavernas. Porém, em se tratanto de mais um fã (dos mais ardorosos) de Poe, acredita-se que Verne quis preservar alguma coisa envolta no mistério que era tão caro a Allan Poe.
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No link abaixo você pode ler mais sobre a admiração de Verne por Poe e a influência deste na obra do autor de "Vinte Mil Léguas Submarinas".
Post dedicado a Carlos Patrício
3 comentários:
Obrigado pela dedicatória, Denise.
Lembro que foi justamente essa estreita ligação entre Verne e Allan Poe que me fez visitar a comunidade do gênio americano pela primeira vez.
Parabéns pela página, o blog está excelente.
Vc merece, sir.
Interessante.
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